2 de mai. de 2004

Alguma coisa de novo nessas dores de uma vida vazia com "v" de vácuo, perdido num buraco negro, tão sombrio, tão disperso, onde o corpo não encontra abrigo, não pode ser acolhido, bem diferente do ventre tão quente da casa moldada, que lá o corpo recebe o sol e na cama fica a marca dos ossos mais pesados, mais cansados. E quando você chega sonolenta ou mesmo com a morte escancarada dando-lhe o peso do desespero, ali está, no mesmo lugar do colchão a sua marca. Então a gente pode deitar tranqüila, porque sei lá como existe de fato o seu lugar, que na verdade não é seu. Pois a noite continua escura e grande, e nas paredes tem rachaduras donde entra a solidão. E quem há de fugir ou injetar alegria nas veias entupidas de cocaína barata? Naquela orgia sem ordem, sem princípio nem fim, deixando essa agonia que sai pelos poros com cheiro de cachaça.

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