12 de mai. de 2004

HIlda Hilst

Gostaria de ser coeso, calmo, frívolo. Sim, porque há coes?o e calmaria na frivolidade. Ou n?o pensam assim? Ent?o repensem. Tinha horror ao sexo. Cheiros gosmas ginásticas convuls?o. Horror principalmente ao silencio daquelas horas. Melhor, horror dos guinchos e outros sons que se pareciam aos sons das funduras, dos poços, da borbulhas. Gostava de sentar-se e ler. Principalmente Chesterton e sua Ortodoxia. Os amigos perguntavam: tu n?o gosta de foder, n?o? N?o, ele respondia, tenho nojo. Nojo de qu?? De corpos se juntando, dos cheiros, dos ruídos. Foi ficando sozinho com seus livros seu nojo. Gostava de pensar, mas pouco a pouco foi sentindo o cheiro das idéias, e as mais possantes, as mais genuínas, as mais veementes tinham o mesmo cheiro do sexo e daquela gosma da casuarina. Ent?o pela disciplina e pelo jejum foi esvaziando a mente. Via cores e as cores n?o tinham cheiros e isso era bom. Sentou-se no ch?o da sala e ficou ali até perceber que tinha se tornado um ponto vivo de luz dourada. Até que o garot?o o acordou e disse: qué mais uma na berba, doutor?

Nenhum comentário: